Ouvi outro dia esse texto no rádio e gostei.
O Futebol faz um país?
O antropólogo Roberto DaMatta acredita que o futebol é uma lição de liberalismo democrático, porque envolve uma competição regrada em que o melhor vence. E a Copa é a demonstração idealizada de que quem tem mais talento é capaz de vencer. Nessa toada, descobrimos que nosso futebol é diferente do europeu pela improvisação e individualidade. E assim esse esporte se torna, em nossa sociedade, uma fonte de individualização, uma possibilidade de expressão individual, muito mais do que expressão de coletividade.
Somos os melhores, certo? Não importa se essa superioridade pode ser vista apenas entre quatro linhas de um gramado. Há gente que acredita que ser o melhor do mundo num determinado esporte serve como passaporte para a inserção entre os melhores no resto... Por essas e outras, o patriotismo do futebol guarda uma relação de proximidade com o patriotismo da economia. O efeito do Campeonato Mundial de futebol no crescimento real é próximo de zero, mas a conseqüência de seus resultados é enorme como carga emocional, resultando num "estado de otimismo patriótico".
O Futebol... por que só este esporte? Sabemos que ele guarda particularidades que muito explicam nossa formação social. Não fora isso, o fato de vencermos dois mundiais de Basquete deveria ser até hoje motivo de orgulho pátrio... Noutras modalidades esportivas continuamos vencendo – eis aí o vôlei como exemplo -, mas são esportes que não convencem aos brasileiros como fontes de orgulho nacionalista e coletivo.
A relação entre patriotismo e Futebol chega a ser exagerada, para não dizer cômica. Manifestamos de 4 em 4 anos nosso orgulho verde-e-amarelo, desfraldamos bandeiras, entoamos gritos de guerra, agimos como um coletivo sem ranhuras ou dissensões... Já episódios que marcaram historicamente nossa formação de povo e Nação, desses poucos se recordam, ou preferem não lembrar.
Nos próximos dias seremos a “pátria de chuteiras”. A memória da bola tomará, mais uma vez, o lugar da História. Não importa o resultado – vitória ou derrota -, daqui a quatro anos seremos protagonistas das mesmas demonstrações novamente.
Entre um grito de gol e o desespero de uma derrota, vale sempre perguntar: o Futebol nos faz um país?
(Alexandre Pelegi)
O Futebol faz um país?
O antropólogo Roberto DaMatta acredita que o futebol é uma lição de liberalismo democrático, porque envolve uma competição regrada em que o melhor vence. E a Copa é a demonstração idealizada de que quem tem mais talento é capaz de vencer. Nessa toada, descobrimos que nosso futebol é diferente do europeu pela improvisação e individualidade. E assim esse esporte se torna, em nossa sociedade, uma fonte de individualização, uma possibilidade de expressão individual, muito mais do que expressão de coletividade.
Somos os melhores, certo? Não importa se essa superioridade pode ser vista apenas entre quatro linhas de um gramado. Há gente que acredita que ser o melhor do mundo num determinado esporte serve como passaporte para a inserção entre os melhores no resto... Por essas e outras, o patriotismo do futebol guarda uma relação de proximidade com o patriotismo da economia. O efeito do Campeonato Mundial de futebol no crescimento real é próximo de zero, mas a conseqüência de seus resultados é enorme como carga emocional, resultando num "estado de otimismo patriótico".
O Futebol... por que só este esporte? Sabemos que ele guarda particularidades que muito explicam nossa formação social. Não fora isso, o fato de vencermos dois mundiais de Basquete deveria ser até hoje motivo de orgulho pátrio... Noutras modalidades esportivas continuamos vencendo – eis aí o vôlei como exemplo -, mas são esportes que não convencem aos brasileiros como fontes de orgulho nacionalista e coletivo.
A relação entre patriotismo e Futebol chega a ser exagerada, para não dizer cômica. Manifestamos de 4 em 4 anos nosso orgulho verde-e-amarelo, desfraldamos bandeiras, entoamos gritos de guerra, agimos como um coletivo sem ranhuras ou dissensões... Já episódios que marcaram historicamente nossa formação de povo e Nação, desses poucos se recordam, ou preferem não lembrar.
Nos próximos dias seremos a “pátria de chuteiras”. A memória da bola tomará, mais uma vez, o lugar da História. Não importa o resultado – vitória ou derrota -, daqui a quatro anos seremos protagonistas das mesmas demonstrações novamente.
Entre um grito de gol e o desespero de uma derrota, vale sempre perguntar: o Futebol nos faz um país?
(Alexandre Pelegi)
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