O papel vem sendo substituído por alternativas digitais com rapidez. Mas tem um instrumento nada virtual, cujas origens remontam à Era Vitoriana, que segue firme. E mais: está em alta.
A cadeia de suprimentos para escritório Staples declarou que a demanda de cartões de visitas subiu vertiginosamente – cresceu dois dígitos em três anos. A Vistaprint, empresa de impressão online, vende mais cartões de visitas do que qualquer outro produto. A Office Depot também registrou vendas em crescimento.
“Há uma coisa genial com o cartão de visitas: ele desempenha uma única função muito bem”, diz Ted Striphas, autor de The Late Age of Print (A Era Tardia da Impressão, Columbia University Press) e professor na Universidade de Indiana.
Quase toda a semana surge um aplicativo para celular com o objetivo de eliminar esses pequenos retângulos de papel. Um deles é o Bump, para iPhone, em que basta tocar um aparelho no outro para a troca de informações de contato. Facebook e LinkedIn também ajudam as pessoas a organizar contatos.
Mas o papel tem algo mais íntimo e imediato. As pessoas que se dedicam a criar alternativas a eles “tentam resolver um problema que ninguém quer que seja resolvido”, diz Peter Corbett, diretor-executivo da iStrategyLabs, empresa de marketing digital sediada em Washington.
Peter, um desses viciados em iPhone, não parece um defensor de tecnologias antiquadas como o cartão de papel. Mas o público alvo do cartão de visitas não é formado por executivos da área de tecnologia. Os cartões são usados por mães para combinar as datas de reunião das crianças para brincar, por solteiros, que os distribuem em idas a bares, por desempregados em busca de um trabalho.
Outros produtos de papel vêm sendo substituídos porque a versão digital é melhor. Kindles e iPads permitem que se carregue por toda a parte milhares de livros. Mas os cartões de visitas são tão ágeis quanto seus concorrentes digitais – você entrega o cartão e o seu novo conhecido sabe quem você é e como contatá-lo. E eles ainda têm algo a mais. “Mesmo hoje, as pessoas adoram ver seu nome impresso”, diz Rob Schlacter, vice-presidente de serviços comerciais e de qualidade da Staples.
Quando as pessoas trocam cartões, transferem mais do que dados de contato, passam também impressões e histórias. O cartão de visitas de Peter Corbett é preto fosco e não dá para escrever nele. Quando ele dá seu cartão para alguém, no geral a pessoa diz: “Ei, não consigo escrever aqui”. É a deixa para ele dizer que, quando trabalhou no Japão, percebeu que era falta de educação escrever alguma coisa num cartão de visitas.
“O cliente fica sabendo um pouco mais a meu respeito”, diz ele. “Acho que hoje as pessoas são mais visuais. Posso não me lembrar exatamente o nome de alguém, mas acabo me recordando do cartão que ela me deu, tinha uma árvore verde e fundo azul. Então, procuro e encontro exatamente aquele, com a árvore verde. Daí é só ligar. Isso não é possível com um aplicativo”.
O Bump oferece uma nova forma de interação social – o choque entre telefones. Mas a maneira como está sendo usado indica que há algo estranho. Segundo uma porta-voz da companhia que desenvolveu o aplicativo, o tráfego – são 20 milhões de usuários – cai no meio da semana e aumenta nos fins da semana, sugerindo que o seu uso, na maior parte, não tem fins comerciais.
O irônico da sobrevivência do cartão de visitas é que ela, na verdade, só foi possível graças à tecnologia. Muitos empresários que ainda valorizam a troca de cartões escaneiam detalhes do cartão de visitas e transferem para seu arquivo de contatos no computador. Existem até aplicativos dos smartphones que escaneiam os cartões e extraem informações. “Não sou inimigo do cartão de visitas”, disse Patrick Questembert, desenvolvedor do ScanBizCartds para o iPhone. “Ele continuará existindo ainda um longo tempo”.
Os avanços no campo da impressão digital e baratearam a impressão de cartões de visita profissionais. A Vistaprint oferece cartões de visita grátis em troca de um anúncio no seu verso. Megan Tracy Benson, dona de casa, aceitou a oferta e agora vive distribuindo cartões para as amigas no playground. “Eu escrevia os endereços em pedaços de papel que sempre perdia”.
texto original aqui.
A cadeia de suprimentos para escritório Staples declarou que a demanda de cartões de visitas subiu vertiginosamente – cresceu dois dígitos em três anos. A Vistaprint, empresa de impressão online, vende mais cartões de visitas do que qualquer outro produto. A Office Depot também registrou vendas em crescimento.
“Há uma coisa genial com o cartão de visitas: ele desempenha uma única função muito bem”, diz Ted Striphas, autor de The Late Age of Print (A Era Tardia da Impressão, Columbia University Press) e professor na Universidade de Indiana.
Quase toda a semana surge um aplicativo para celular com o objetivo de eliminar esses pequenos retângulos de papel. Um deles é o Bump, para iPhone, em que basta tocar um aparelho no outro para a troca de informações de contato. Facebook e LinkedIn também ajudam as pessoas a organizar contatos.
Mas o papel tem algo mais íntimo e imediato. As pessoas que se dedicam a criar alternativas a eles “tentam resolver um problema que ninguém quer que seja resolvido”, diz Peter Corbett, diretor-executivo da iStrategyLabs, empresa de marketing digital sediada em Washington.
Peter, um desses viciados em iPhone, não parece um defensor de tecnologias antiquadas como o cartão de papel. Mas o público alvo do cartão de visitas não é formado por executivos da área de tecnologia. Os cartões são usados por mães para combinar as datas de reunião das crianças para brincar, por solteiros, que os distribuem em idas a bares, por desempregados em busca de um trabalho.
Outros produtos de papel vêm sendo substituídos porque a versão digital é melhor. Kindles e iPads permitem que se carregue por toda a parte milhares de livros. Mas os cartões de visitas são tão ágeis quanto seus concorrentes digitais – você entrega o cartão e o seu novo conhecido sabe quem você é e como contatá-lo. E eles ainda têm algo a mais. “Mesmo hoje, as pessoas adoram ver seu nome impresso”, diz Rob Schlacter, vice-presidente de serviços comerciais e de qualidade da Staples.
Quando as pessoas trocam cartões, transferem mais do que dados de contato, passam também impressões e histórias. O cartão de visitas de Peter Corbett é preto fosco e não dá para escrever nele. Quando ele dá seu cartão para alguém, no geral a pessoa diz: “Ei, não consigo escrever aqui”. É a deixa para ele dizer que, quando trabalhou no Japão, percebeu que era falta de educação escrever alguma coisa num cartão de visitas.
“O cliente fica sabendo um pouco mais a meu respeito”, diz ele. “Acho que hoje as pessoas são mais visuais. Posso não me lembrar exatamente o nome de alguém, mas acabo me recordando do cartão que ela me deu, tinha uma árvore verde e fundo azul. Então, procuro e encontro exatamente aquele, com a árvore verde. Daí é só ligar. Isso não é possível com um aplicativo”.
O Bump oferece uma nova forma de interação social – o choque entre telefones. Mas a maneira como está sendo usado indica que há algo estranho. Segundo uma porta-voz da companhia que desenvolveu o aplicativo, o tráfego – são 20 milhões de usuários – cai no meio da semana e aumenta nos fins da semana, sugerindo que o seu uso, na maior parte, não tem fins comerciais.
O irônico da sobrevivência do cartão de visitas é que ela, na verdade, só foi possível graças à tecnologia. Muitos empresários que ainda valorizam a troca de cartões escaneiam detalhes do cartão de visitas e transferem para seu arquivo de contatos no computador. Existem até aplicativos dos smartphones que escaneiam os cartões e extraem informações. “Não sou inimigo do cartão de visitas”, disse Patrick Questembert, desenvolvedor do ScanBizCartds para o iPhone. “Ele continuará existindo ainda um longo tempo”.
Os avanços no campo da impressão digital e baratearam a impressão de cartões de visita profissionais. A Vistaprint oferece cartões de visita grátis em troca de um anúncio no seu verso. Megan Tracy Benson, dona de casa, aceitou a oferta e agora vive distribuindo cartões para as amigas no playground. “Eu escrevia os endereços em pedaços de papel que sempre perdia”.
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