O DIRETOR-TÉCNICO DO CIRQUE DU SOLEIL, PATRICK FLYNN, APRESENTOU CONCEITOS DO CIRCO QUE, SEGUNDO ELE, PODEM ESTIMULAR NO PROCESSO CRIATIVO DE AÇÕES DE MARKETING, PUBLICIDADE E PROPAGANDA DENTRO DAS EMPRESAS.
“O que mais surpreende é quando uma pessoa faz uma coisa inesperada, diferente. Aproveitamos sempre isso quando vamos investir em uma nova atividade artística”, disse. “Buscamos fazer o que sabemos fazer, mas encontrar uma nova plataforma para isso”, afirmou.
O Cirque du Soleil foi criado em 1984 e, segundo ele, o primeiro espetáculo teve uma plateia de 300 pessoas. “Atualmente nossos shows são assistidos por 15 milhões de pessoas por ano”, afirmou. De acordo com Flynn, mais de 100 milhões de pessoas no mundo já viram algum espetáculo do circo.
O live marketing é toda ação de marketing que ocorre ao vivo (que não é gravada), como interações diretas com o público nas ruas, distribuição de panfletos e produtos de demonstração em lojas, realização de eventos e até mesmo a interatividade com usuários na internet (em redes sociais, por exemplo).
Veja 10 exemplos dentro do circo que, segundo Flynn, estimulam a criatividade:
1 – Saber correr riscos
Flynn cita a experiência de ginastas do circo, que muitas vezes se arriscam em acrobacias, como inspiração para os “desafios criativos”. “Temos o exemplo de uma ginasta brasileira, que passou a ser uma artista do circo que voa (… ). Ela passa dos braços de um homem até o de outro, em uma distância que vai de dois a 15 metros entre uma pessoa e outra. Como ginasta, essa tomada de risco faz parte para a vida dela”, diz.
2 – Ultrapassar os próprios limites
Os espetáculos do Cirque du Soleil não têm limites, afirmou, e por isso é importante desafiar a pessoa criativa a ultrapassar esses limites. “Há um processo de guiar os criadores e desafiar o criado e ir além do que era a sua capacidade”.
3 – Valorizar todas as ideias, independentemente de onde venham
O diretor-técnico afirmou que a empresa valoriza as ideias de todos os que fazem parte do Cirque du Soleil. “Valorizamos as ideias que vêm, independentemente de onde vêm, celebramos a boa ideia”, diz. Ele citou um exemplo de um artista do circo que tinha vontade de fazer um novo número, foi apoiado, e hoje o número solo foi incorporado ao espetáculo. Disse, ainda, que a empresa mantém um canal para receber as sugestões dos funcionários. “Solicitamos a participação de nossos ‘circenses’ para identificar as tendências criativas em todo o mundo.”
4 – Saber preservar origens
Flynn afirmou que o circo preserva as origens e integridade dos espetáculos, mantendo a qualidade. “Queremos que o espetáculo não perca as origens”, afirmou. Para isso, ele exemplificou com o caso em que o criador de um dos shows passa, anualmente, uma semana com a equipe para “olhar”, observar, e falar com os novos artistas.
5 – Dar novos passos
O circo tem atuado em outros segmentos, como discotecas e agência agência de criação. “Levamos anos tentando descobrir em que outra plataforma, em que outro contexto, a estética do circo pode trabalhar”, afirmou Flynn. Ele citou exemplos dessas novas atuações, como a criação de uma discoteca inspirada no circo (chamada “Light Night Club”, em Las Vegas), a criação de um filme em 3D e a parceria com uma agência de criação no Canadá (chamada Sid Lee).
6 – Não definir ‘etapas’ para a criação
“Para mim e para nós dentro circo, o processo criativo é muito orgânico, não se pode definir o primeiro passo, o segundo passo”, explicou, afirmando que é complexo criar um “conceito” para esse processo. “No estúdio de Montreal, sempre tem três, quatro, cinco coisas [projetos] acontecendo ao mesmo tempo, acho isso muito importante (…). Às vezes, num projeto sai uma ideia que não cabe nele, mas essa ideia pode se transferir ou se adaptar para outro projeto.”
7 – ‘Atualizar’ o jeito de criar
Ele citou que o circo tem um processo único de criação, e que é importante definir e proteger esse processo com o passar do tempo, mas atualizando-o. “Temos que nos converter em mais e mais criativos no jeito de colocar o espetáculo”, disse.
Flynn citou um exemplo de divulgação com artistas do circo, que andam em um ônibus turístico e interagem com o público, usando o nariz de palhaço. “Nos inspiramos na historia circense. Antes, se o circo vinha a São Paulo, ele fazia uma grande parada para criar uma expectativa, algo gritando que o circo está vindo, um cortejo passando pela cidade. Não queríamos repetir uma coisa que fazemos há cem anos. Hoje alugamos um ônibus turístico e damos um ‘rolê’ pela cidade com os artistas”, afirmou. Ele disse que o “interessante” nesse processo é que as pessoas fazem foto com os palhaços, que são compartilhadas com os amigos nas redes sociais e se transformam em uma plataforma de divulgação. “Para nós, é um evento praticamente grátis. Aproveitamos os celulares de todos que nos veem para lançar a mensagem.”
8 – Estar com ‘os melhores’
Flynn citou que dos diferentes funcionários que o circo possui (são 5 mil pelo mundo, de 50 nacionalidades), todos têm algo em comum, que é “não ter medo de nada”, são pessoas prontas “para tomar risco em qualquer momento da sua vida.” De acordo com ele, o circo busca trazer pessoas do mundo inteiro. “Selecionamos e apoiamos os melhores colaboradores.”
9 – Buscar a mais alta qualidade, nos mínimos detalhes
O circo procura ser uma organização única e investe na mais alta qualidade em todos os detalhes. Um exemplo, segundo ele, é a confecção, muitas vezes manual, de assessórios e roupas. “É um processo custoso e complicado, que precisa de tempo. Mas o resultado é importante. Muitas vezes o público não vê o detalhe, mas quando assiste, a questão do detalhe é importante. Queremos que quando o público assista ao show, ele tenha uma experiência completa, que ele nunca mais volte a sentir a ilusão daquele momento”, afirmou.
10 – Estabelecer parcerias
De acordo com ele, cada projeto criativo serve como experimento e como uma “incubadora” de ideias. Flynn afirmou que o circo mantém parcerias com diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo para aproveitar esses processos.
Fonte: G1
Comentários